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23 de out. de 2009

Nobel da Paz para 'o senhor da guerra'

O presidente dos Estados Unidos´, Barack Obama, é mesmo um sujeito predestinado. Depois de conquistar a presidência do país – e o mundo! – com um discurso messiânico e conciliatório, agora é homenageado com o Nobel da Paz por suas ‘intenções’, como justificou o presidente do comitê que concede o prêmio. Mas quais são exatamente as intenções de Obama? Pelo que se viu até agora, ele cultiva o belicismo de seu antecessor, mas na retórica apregoa a paz e a conciliação.

O Nobel da Paz, concedido a pessoas que dão contribuição decisiva para a harmonia no mundo – ou se sacrificam em nome de uma causa justa, como Nelson Mandela, que passou quase três décadas na prisão para combater a segregação racial -, não combina com Barack Obama, cujo mandato presidencial parece mais a serviço da guerra do que da paz. Senão vejamos:
ele decidiu enviar mais 15 mil soldados para o Iraque, de onde prometeu retirar as tropas.

Não se sabe exatamente o número de militares norte-americanos que se espalham pelo país, invadido pelos Estados Unidos sob pretexto de destruir armas químicas. Apearam Saddam Hussein do poder e o executaram, mas os norte-americanos não arredaram o pé do Iraque, onde grandes corporações ianques exploram contratos milionários para a ‘reconstrução’ do país, destruído, claro, pelas bombas dos invasores. O número de mortos civis não conta nessa tragédia.

No Afeganistão se desenrola ou drama ainda pior. A caça a Bin Laden nas montanhas do país se transformou num campo de testes para uma infinidade de armas. A mais recente, cujo uso foi aprovado pelo atual Nobel da Paz, é a bomba termobárica, um artefato devastador usado para alcançar talebans que se escondem em cavernas nas montanhas afegãs. Embaladas em potentes mísseis, a bomba penetra o solo rochoso e ao explodir cria uma gigantesca bola de fogo combinada com uma explosão de alta pressão.

Além desse recurso, as tropas americanas se utilizam de uma infinidade de outras armas para dilacerar corpos do que consideram seus inimigos, o que inclui também a desprotegida população civil, algo freqüente de ‘erros’ de ataques dos invasores. O mais recente deles envolve a morte de crianças, atingidas ‘por engano’ por uma bomba despejada por um avião ianque. O número de mortos oscila entre 150 (comando militar) e 300 (entidades de direitos humanos).

O Nobel da Paz também prometeu desativar a base de Guantánamo, mas por enquanto a prisão que abriga supostos terroristas continua a funcionar em meio a denúncias de torturas e outras práticas violentas. Enfim, Barack Obama não faz juz à honraria em se considerando o cenário acima, uma amostra diminuta do poder exercido pelos Estados Unidos no mundo, onde a bandeira do país tremula em mais de mil bases militares como a lembrar que os norte-americanos tudo podem.

O inferno está repleto de boas intenções – e até então era de se supor que não bastasse apenas discurso para se conquistar tão prestigiosa honraria, mas sim ações práticas em defesa de um mundo melhor. Mas o predestinado Obama mudou esse conceito ao ser agraciado com o Nobel da Paz por intencionar fazer boas ações, enquanto amplia o orçamento da defesa, aumenta o contingente de militares no Iraque e autoriza o uso de armas cada vez mais devastadoras no Afeganistão. Viva o ‘senhor da guerra’!

Edivaldo Magro é jornalista

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